• Administradora fala mais sobre a realidade do Mercado da Piçarra

    Texto por Isabela Rêgo

    Glória Silva administra mercados públicos em Teresina, há 22 anos



    O Mercado da Piçarra é reconhecido como um patrimônio histórico de Teresina, entretanto não se pode dizer o mesmo quando o assunto é a valorização deste patrimônio. Andando pelos corredores do local, é possível ver sujeira e alimentos expostos e manipulados de forma incorreta. A população, no entanto, confia e garante que os produtos são de boa qualidade.

    Sobre esses impasses, e necessidades do Mercado Público da Piçarra, conversamos com Glória Silva, funcionária da Prefeitura pela Superintendência de Desenvolvimento Urbano da zona Sul (SDU Sul) e atual administradora do local.

    Amplie News – Dona Glória, que importância a senhora atribui ao Mercado da Piçarra, em relação à cidade de Teresina?

    Glória Silva – O Mercado da Piçarra representa atualmente um patrimônio histórico e cultural de Teresina. Aqui neste prédio ele completou 15 anos, mas existe como mercado a mais de 40 anos, quando era apenas uma feira, conhecida como Mercado da Lama, e ficava onde hoje está o Centro Comercial da Piçarra. Dessa forma, este mercado é muito importante pra população de Teresina, que dele se serve, pois ele representa não apenas um centro de compras, mas um referencial de espaço agradável na cidade.

    Amplie News – Quais são essas funções extras comerciais que a senhora acredita que o Mercado da Piçarra apresente?

    Glória Silva- O Mercado mais do que um local de compras é um local também de lazer. Porque as pessoas vêm prá cá e aproveitam pra encontrar e conversar com os amigos. Além disso, os clientes geralmente se tornam amigos dos vendedores, o que torna as compras de feira um momento muito agradável. Inclusive a culinária daqui atrai ainda mais pessoas, que estão interessadas em se deliciar com comidas típicas do Piauí, almoçar em família ou com os amigos, ou ainda simplesmente tomar café da manhã, bem à vontade se sentindo em casa.


    Amplie News – Como o mercado está organizado atualmente? E como é o funcionamento do local?

    Glória Silva- O Mercado está dividido, de acordo com os produtos, nas seguintes áreas: frutas, verduras, cereais, carnes e cozinha, que são os boxes de alimentação. Atualmente são cerca de 140 permissionários (vendedores), e cada um tem um Box, pelo qual paga uma taxa que varia entre oito a treze reais. Os vendedores de frutas e verduras são isentos desta taxa, porque seu lucro com é mais limitado. O mercado funciona todos os dias inclusive aos feriados. Durante a semana, fica aberto ao público das 4h às15h, e aos finais de semana de 3h às 15h.

    Amplie News – Como senhora classifica o público do Mercado da Piçarra? É um grupo de pessoas heterogêneo?

    Glória Silva- Antigamente existia um preconceito muito grande em relação ao Mercado, sendo atribuídas a ele sujeira e ignorância. Isso não era apenas uma imaginação das pessoas, mas também por muitas vezes algo concreto, devido o baixo investimento, que este recebia por parte do governo. Entretanto, com melhorias no que se refere a gestão e investimentos esse quadro mudou e o Mercado está mais moderno.
    Assim posso dizer que os antigos clientes trouxeram novos clientes. E o grupo que já era heterogêneo, se diversificou ainda mais. Atualmente, por exemplo, muitos jovens vêm ao Mercado depois da balada, lá pelas 3h pra comer “mão de vaca” e revigorar as energias, provando que a clientela do Mercado não são apenas idosos, como muita gente imagina.

    Amplie News – A que a senhora atribui essa diversidade de pessoas que freqüentam o Mercado?

    Glória Silva- O Mercado da Piçarra existe há muito tempo, então as famílias cultivaram a cultura de fazer a feira, principalmente aos finais de semana, trazendo os filhos, que por sua vez cresceram e passaram esse costume adiante. Isso aconteceu não só com os clientes, mas com os vendedores, que passaram suas bancas e ofícios para os filhos e pros netos continuarem. Desse modo, cada geração, seja de clientes ou de vendedores, inova sua relação com o Mercado, a partir de suas novas necessidades dando esse ar de modernidade ao tradicional Mercado.

    Amplie News – Atualmente o Mercado tem recebido mais investimentos?

    Glória Silva- Se compararmos com o passado sim. Uma das melhorias que podemos citar foi a reforma na refrigeração do ambiente, com a instalação de ventiladores modernos. Entretanto, acho que o poder público deveria se importar muito mais com o Mercado da Piçarra, e os mercados públicos de Teresina, em geral. Só pra citar um exemplo desse esquecimento: os banheiros daqui desde a fundação deste prédio são os mesmos, nunca passaram por uma reforma. Além disso, o nosso grande problema é quanto à limpeza, porque o mercado conta hoje com apenas quatro zeladores, dois em cada turno, o que é insuficiente pra manter a organização e a limpeza completa do local.

    Amplie News – Quais as providências tomadas pela administração para resolver esses problemas?

    Glória Silva- Nós da administração, cobramos da prefeitura essas melhorias por meio da documentação legal. E recentemente avançamos nesse processo com a confirmação da parceria que o Mercado, por meio da Prefeitura de Teresina, passará a ter com o Banco do Brasil. Mas, como gestora do local, acredito que minha função seja, sem desmerecer o que já foi alcançado, exigir mais investimentos para o Mercado, pois ainda há muitas necessidades.

    Amplie News – O que essa parceria com o Banco do Brasil muda na estrutura do Mercado da Piçarra?

    Glória Silva-
    Pretendemos por meio dessa parceria, ampliar os serviços, enveredando pela área do artesanato, que ainda não é contemplado no aqui Mercado. Inclusive já houve aqui uma palestra da Coordenadora da Cooperativa de artesãs, do Pólo Cerâmico do Poti Velho, Raimunda Teixeira, que já desenvolve um trabalho parecido por meio desta parceria com o Banco do Brasil. Além disso, pretendemos que com essa parceria haja mais capacitação para os permissionários, quanto ao atendimento e manipulação dos produtos.

    Amplie News – O que, em sua opinião, deveria ser feito pra que as pessoas conhecessem e se interessassem mais pelo Mercado da Piçarra?

    Glória Silva-
    O Poder Público deveria investir em uma política de conservação e valorização deste patrimônio, por meio de uma melhor infraestrutura, marketing e propagandas, em uma intensa campanha de mobilização e conscientização da importância que o Mercado da Piçarra tem para Teresina. Deveria, portanto, incluir este e todos os mercados públicos da cidade numa rota turística, que fosse movimentada por eventos culturais, que agregando valor a estes locais de compra, transformando em complexos culturais. Acredito que isso não aconteça, porque os governantes acham de forma errônea que investimentos assim não valham à pena, já que o retorno financeiro vem a longo prazo. Entretanto nós não apenas esperamos de braços cruzados, já fizemos vários eventos, em parceria com a Associação dos Permissionários, Concessionários e Usuários do Mercado da Piçarra (ASPUMP), para divulgar o Mercado, mas é preciso que haja um maior apoio dos governantes nesse trabalho.

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