• Francisca Trindade e Alberto Silva: mitos ou meros mortais?


    Hoje, dia cinco de Outubro de 2009, faz uma semana do falecimento do ex-governador piauiense Alberto Silva, vítima de complicações respiratórias aos 90 anos de idade em Brasília (DF). Esse fato disseminou um sentimento de luto e adoração, em grande parte da população do estado, a um dos mais importantes ícones da política do Piauí. Nos últimos dez anos, outras figuras carismáticas e de grande apelo popular também foram vítimas fatais, de problemas de saúde durante suas gestões parlamentares e chegaram ao “andar de cima” mais cedo do que se esperava; o que não foi o caso de Alberto Tavares Silva, por sua idade já avançada.

    Nas últimas duas legislaturas a morte de Francisca Trindade (2003), Afonso Gil Castelo Branco (2004), Mussa de Jesus Demes (2008), além do já citado Alberto Silva (2009), deixaram vários seguidores e admiradores “órfãos”. Destaque para a deputada federal eleita com mais votos na história da política piauiense, Francisca Trindade, vítima de um fulminante aneurisma, que interrompeu uma promissora carreira parlamentar aos seus 37 anos de idade.
    Milhares de piauienses viram nesses homens, a figura de verdadeiros heróis - especialmente em Francisca Trindade e Alberto Silva – parlamentares de contrastes bem diferenciados, mas de carreiras políticas de um grande reconhecimento no estado. Trindade além de ser mulher, era negra, vinda de família humilde, com uma realidade tipicamente brasileira. Em seus mandatos como vereadora, deputada estadual e deputada federal, não realizou grandes obras físicas, mas era figura certa na liderança de projetos sociais e habitacionais. Foi uma das grandes apostas do Partido dos Trabalhadores (PT), já que tinha um futuro brilhante pela frente em sua carreira, que foi interrompido por sua doença. Em poucas palavras, ela foi uma mulher do povo, que lutou pelas causas do seu povo.

    De outro lado Alberto Tavares Silva, membro de uma família parnaibana de grande poder aquisitivo, foi prefeito de Parnaíba, deputado federal, senador e governador por duas vezes do Piauí, com obras garbosas que marcaram suas gestões, como: Albertão, Potycabana, Metro de Teresina, entre outras. Alberto foi o típico político estadista, que impunha respeito nos locais que frequentava, era aquele que “chegava chegando”, no popular. Isso lhe distanciava do povo, mas nem por isso, deixava de ser adorado, ao contrário, já que durante muito tempo foi tido como um visionário e um político que cumpria suas promessas.
    Alberto Silva fatalmente será lembrado por um longo tempo na história do estado, por suas obras faraônicas, para a realidade em que o Piauí vivia em décadas passadas. Obras que em grande parte são de concreto, palpáveis e de tamanho imponente,  foi o grande diferencial do ilustre parnaibano, comparado aos demais governadores que o Piauí já teve; inclusive o atual governador, Wellington Dias (PT), que adota uma política, voltada ao social, deixando de lado obras de grande porte, que talvez destacaria de uma maneira mais importante sua passagem pelo governo do estado.

    A reportagem do Amplienews entrevistou o historiador e professor da Universidade Federal do Piauí (UFPI), Antônio Homero, que fez uma análise sobre a mitificação e endeusamento de figuras políticas piauienses que morreram recentemente. Segundo o professor, o Piauí por ter uma população predominantemente católica, que acredita que a vida é dividida em três fases: nascimento, reprodução e a morte; tende a perdoar todos os erros realizados em vida após o falecimento, mesmo que não o tenham cometido.
     Figuras como Alberto Silva e Francisca Trindade, estamparam as manchetes dos veículos de comunicação piauienses com suas mortes – matérias que destacavam a trajetória política de uma forma positiva, deixando de lado, qualquer deslize ou crítica a ser feita sobre seus mandatos. “A historia não serve para essa produção de mitos, a lembrança deve-se fundamentar na busca de uma visão equilibrada, para que a morte não apague os erros que os políticos ou qualquer outro ser humano cometeram. Não é porque eles morreram que serão transformados em santos” destaca o professor Antônio Homero, em sua análise.
    Para o deputado estadual Cícero Magalhães (PT), as duas últimas grandes perdas para política piauiense, são as mortes de Trindade e Alberto Silva, como esta reportagem já havia ressaltado. “Cada uma dessas perdas tem sua importância e suas particularidades. A morte de Alberto Silva abalou bastante a comunidade política, por ser um ícone para vários parlamentares, e sua por sua visão ter sido além do seu tempo. Já a companheira Trindade, foi um fenômeno, com uma carreira meteórica, no auge de sua vida, morreu vítima de uma doença fatal. Sem dúvidas, se ela ainda estivesse viva hoje, seria uma das grandes líderes do nosso estado” afirmou o deputado Cícero Magalhães.                                               

    DEPUTADO CÍCERO MAGALHÃES FALA SOBRE MORTES NA POLÍTICA DO PIAUÍ

     
    Os finados políticos que tiveram destaque em suas gestões, na grande maioria das vezes recebem homenagens póstumas, que dão seus nomes a escolas, hospitais, projetos, obras, dentre outras formas. Cogita-se que a ponte do Sesquicentenário da capital, ou a nova estação do Metro de Teresina, possam ser batizadas com o nome de Alberto Silva, como forma de homenagem póstuma, após poucos dias de seu falecimento.
    É valido questionar, o porquê destas homenagens apenas após suas mortes, já que o que o reconhecimento de um trabalho pode ser realizado também ainda em vida. O legado que estas figuras deixaram para história da política piauiense, consequentemente para toda população do estado, irá perdurar, ainda por vários anos, pela importância de cada um. Mas nem por isso, tornarão estes personagens melhores ou piores do que um cidadão de bem - afinal, os mitos continuarão na mitologia grega, e na vida real, todos seguem como meros mortais.



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